“Em 1975, realizou-se uma reunião histórica: cem Caixas reuniram-se em Lisboa para reformulação do Regulamento de 1919.”
Com o 25 de Abril de 1974 abriram-se, de novo, boas perspectivas para o movimento cooperativo. Imediatamente se desencadeou, de forma aberta e clara, a contestação ao Regulamento de 1919, nessa altura ainda mais desfasado da realidade que antes. A CCAMB, para lá da denúncia pública dos “estrangulamentos” sentidos durante os 48 anos de Estado Novo, encabeçou, juntamente com outras das mais importantes Caixas, um movimento visando a revisão legislativa do sector e a contestação à dependência directa da Caixa Geral de Depósitos.
Ainda nesse ano (em que as taxas de juro foram agravadas três vezes), foi publicado o primeiro Acordo Colectivo de Trabalho dos funcionários das Caixas e, pela primeira vez, em 63 anos, organizações cooperativas do sector agrícola do concelho recorreram a empréstimos da CCAMB.
Em 1975, realizou-se uma reunião histórica: cem Caixas reuniram-se em Lisboa para reformulação do Regulamento de 1919. Desse encontro saiu um grupo de trabalho de cinco Caixas (que integrou, naturalmente, a de Bombarral) encarregue de estudar o assunto. Só que, dentro do movimento se criaram outras comissões (situação própria de uma época fértil em acontecimentos desse tipo) e instalou-se a confusão.
No período, sucederam-se as reuniões (de âmbito nacional ou mais restritas), os avanços e recuos. O ano de 1977 marcou o arranque da formação de Federações Regionais e, no que à CCAMB diz respeito, integrou como vogal o Conselho Coordenador do INSCOOP e foi eleita, de novo, para um grupo de trabalho encarregue de rever o sistema de Crédito Agrícola.
A contestação à actuação da Caixa Geral de Depósitos, recorde-se a instituição de tutela das Caixas, mantinha-se. Em 1978, a CCAMB acusa a CGD de dar ao Governo informações desfavoráveis para o movimento cooperativo porque, afirmava a direcção da CCAMB, as “Caixas de Crédito lhe faziam concorrência nas zonas rurais”.
Deve referir-se, aliás que o comportamento da CGD não ajudava a apaziguar a animosidade do movimento cooperativo e mutualista. Só como exemplo, em 1978, a CGD preparou, à revelia das Caixas e ignorando o trabalho do grupo eleito em 1977,um projecto próprio para a revisão do sistema de Crédito Agrícola! E curioso é que o Governo de então se preparava para o aprovar, apesar da contestação dos interessados principais – as Caixas de Crédito.
Em 1978, a 16 de Setembro, foi finalmente criada a Federação Regional das Caixas do Centro (FERECC), e a CCAMB foi eleita para a presidência. No ano seguinte, o seu representante, através da Federação foi reeleito para o Conselho Coordenador do INSCOOP.