“A Europa estava mergulhada na mais sangrentas das guerras. Por cá, o País rural vivia sem grandes sobressaltos.”

 

Ultrapassados todos os problemas internos, a CCAMB entrou na década de 30 em “velocidade de cruzeiro”. Estabilizada, com uma gestão equilibrada. A Caixa merecia “total confiança às forças económicas do concelho”. O Fundo Social, por exemplo, totalizava. Em 1937, a, na altura, importante verba de 391.673$52. O número de associados já era quase de 900.

Referia o relatório da Direcção desse ano que “os capitalistas acorrem com os seus dinheiros confiando-os à guarda da Caixa e o comércio, temos disso a certeza, se um serviço de transferências de fundos fosse montado, apareceria também, na sua maioria, a efectuar essas operações por nosso intermédio. Em resumo, podemos afirmar que o Bombarral habituou-se a ver na nossa colectividade um pequeno banco onde, na medida do possível e dentro do âmbito da instituição, efectua as possíveis operações”.

Talvez por isso, no ano seguinte, os lucros da CCAMB foram “os mais avultados de sempre”, e o Fundo Social subiu para mais de 450 contos.

A década de 40, foi também de “contas equilibradas e gestão prudente”. A Europa estava mergulhada na mais sangrentas das guerras. Por cá, o País rural vivia sem grandes sobressaltos. Logo em 1941 o número de associados da CCAMB ultrapassava o milhar.

Durante todo o período as direcções tiveram de haver-se com um problema: abundância de capitais. Os depósitos cresciam e a relativa prosperidade económica da região não obrigava a empréstimos. Assim, a solução foi a aplicação dos excedentes noutras Caixas de Crédito Agrícola.

Em 1945, a CCAMB já tinha emprestada a congéneres a importante soma de 3.524 contos. Nesse mesmo ano, esgotada a capacidade de crédito foi decidido recusar mais depósitos.

Nos exercícios seguintes a situação manteve-se e as preocupações centravam-se na questão do “Crédito Hipotecário”, cuja legislação apenas permitia mutuar 25 por cento do valor matricial dos prédios rústicos e urbanos. A CCAMB fez a defesa da abolição daquela disposição e, ao mesmo tempo, lançou um apelo aos seus associados em condições de cadastrar as propriedades para que o fizessem, de forma a ampliar o seu espaço de manobra.

Os lucros líquidos mantinham-se, os elogios da Inspecção de Crédito Agrícola Mútuo (visita anual das instalações da CCAMB) também – tanto à própria instituição como a António Costa, o executivo e grande “alma” da casa. Até final da década, a questão do “Crédito Hipotecário” manteve-se em aberto, com alertas sucessivos para a possibilidade de “asfixia” das CCAM.