O carácter romântico de Olho Marinho, especialmente os seus Olhos d’Água, remontam à Idade Média. De acordo com a tradição, este local de encontros escondidos ganha maior relevância nos primeiros anos do século XIV quando Olho Marinho tinha apenas 15 habitantes.

É nesta altura que na Quinta do Furadouro se instala D.ª Constança Manoel, filha de D. João Manuel de Castela, após o casamento com D. Pedro I em 1340. Na companhia de D.ª Inês de Castro, ambas iniciam o tratamento dos seus males com as águas mineromedicinais que nascem neste local.

Com o acolhimento dos novos vizinhos, a alegria tomou conta de Olhos d’Água e Olho Marinho passou a entrar no circuito de Amores Clandestinos de Pedro e Inês, tal como escrito pelo ilustre Luís de Camões. Ao mesmo tempo, os habitantes passaram a chamar uma das suas nascentes de “Olho da Rainha”, nome que ainda perdura nos dias de hoje.

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Conta a tradição oral que em ano de seca, Barrocalvo foi alvo de uma praga de gafanhotos que ameaçava devastar as colheitas e as vinhas, até que chegou a Imagem da Santa Padroeira. As aldeias em redor juntaram-se e fizeram preces para que viesse, por fim, a chuva que tanto desejavam.

E a procissão, ao chegar à Capela do Barrocalvo, testemunhou um milagre: finalmente essa chuva começou a cair e a nuvem de gafanhotos desapareceu, deixando a população aliviada. Este evento é interpretado, até aos dias de hoje, como um sinal de misericórdia de Deus para com o seu povo.

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Foram momentos de grande agitação que se viveram antes da elevação de Bombarral a Concelho, especialmente pelos seus habitantes mais revolucionários. No ar pairava a expetativa de um desfecho positivo, o que alimentava a ansiedade do seu povo e lhes trazia alguma angústia.

Com o passar dos anos, a expetativa aumentava e culminou com o final da legislatura em 1914, altura em que os nervos se exaltaram e o assunto foi finalmente levado para ser decidido no Congresso da República no dia 18 de Março.

Com imensa esperança, os principais líderes do Bombarral decidiram que Evandro Freire – que tocava bombo na banda do Bombarral – arrancaria pela localidade em grande alvoroço assim que a notícia chegasse à Estação de Telégrafos e fosse dada a indicação que confirmaria a elevação do Bombarral a Concelho.

E assim foi: no final da tarde do dia esperado, lá partiu Evandro Bombarral a dentro, após a indicação da funcionária: “Evandro, toca o bombo!” e a alegria, delírio e felicidade instalaram-se com a batida do bombo de Evandro.

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Apelidado como o “Rei Das Tabernas de Lisboa”, Abel Pereira da Fonseca possuía diversas propriedades agrícolas no Bombarral e fundou a “Companhia Agrícola do Bombarral” que trazia pela linha do Oeste até Lisboa o vinho produzido na região.

Este edifício, também chamado de “Catedral do Vinho”, marcou a zona oriental de Lisboa com as suas adegas, extensos armazéns e oficinas.
Era de tal forma aclamado que Fernando Pessoa frequentemente fazia uma pausa no seu trabalho, colocava o seu chapéu e ia até ao depósito mais próximo do “Abel” para tomar o seu cálice de aguardente.

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É no centro da vila do Bombarral que está localizada a Mata Municipal. Com 4 hectares, esta mata é conhecida nacionalmente pelo seu interesse botânico e por constituir um dos últimos registos da vegetação que dominava a região há vários séculos.

A abrangência da Mata Municipal é incrível, sendo que algumas das espécies têm dimensões invulgares, tais como alguns sobreiros que conseguem atingir e ultrapassar os 20 metros de altura. Também conhecida como “Museu Vivo”, este local é, curiosamente, caraterizado como sendo um bosque tipicamente mediterrânico, algo que surpreende os seus visitantes. Mas, considerando a sua localização geográfica que é fortemente marcada pelo clima do Oceano Atlântico, estas características tornam-se evidentes.
Do ponto de vista natural, este espaço é de grande interesse, assim como pelo património genético que possui. Para além das dimensões das suas espécies, poderemos encontrar um conjunto de elementos típicos de um bosque mediterrânico.

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Detentora de uma história caricata, foi a partir de 1762 que a paróquia anteriormente conhecida como de São Pedro passou a designar-se “Paróquia do Bom Jesus e São Pedro”.

De acordo com a lenda que se conta, um dia um homem caminhava, em Peniche, perto do mar até que se deparou com um grande caixote que tinha sido arrastado para terra pela força do mar.
Apesar do tamanho que o caixote possuía, o homem conseguiu pegar nele sem esforço e continuou a sua caminhada, chegando à ermida de São Pedro. Mas, no preciso momento em que chegou, o caixote tornou-se estranhamente pesado, de tal forma que não era possível continuar a carregá-lo. De tão pesado que estava, o homem não teve outra alternativa se não o pousar e chamar o prior.
Nessa altura, o prior abriu a caixa e deparou-se com a imagem de Jesus que foi recolhida e exposta ao público, nascendo a lenda do Bom Jesus do Carvalhal.

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Lenda da Azambujeira dos Carros na Roliça

Foi no ano de 1808 que o freixo que se situa no largo da capela de Azambujeira dos Carros, no Bombarral, salvou um menino na Batalha da Roliça.
No dia 17 de Agosto, quando decorria o primeiro combate das invasões francesas, um pequeno rapaz, assustado perante o avanço das tropas, encontrou refúgio na cavidade que o freixo tem no tronco.
Conta a lenda que foi aí que o menino se escondeu e, como que por milagre, escapou ileso dos ataques do exército de Napoleão.
Esta árvore é a mais antiga do distrito, com quase 300 anos e classificada como de interesse público.

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Teatro Eduardo Brazão

Edificado durante o século XX, o Teatro Eduardo Brazão foi inaugurado a 27 de Fevereiro de 1921 e é classificado como imóvel de interesse público.
Tendo surgido por iniciativa da Recreativa Bombarralense, o nome deste espaço cultural deve-se ao ator Eduardo Brazão que aqui atuou e era considerado uma figura de referência no panorama teatral da época.
A primeira peça a ser exibida no Teatro foi “D. César de Bazan”, sendo representada por um grupo local, encontrando-se na assistência Eduardo Brazão e Ilda Stichini.

Com capacidade de 350 lugares, os quais estão distribuídos por plateia, frisas de camarote laterais no rés-do-chão e 2 pisos de camarotes, ainda dispõe de um amplo foyer, salão nobre e fosso de orquestra. O teatro já sofreu diversas intervenções, sendo que foi reaberto ao público a 6 de Dezembro de 2008 após conclusão das profundas obras de restauro.

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Foi durante a agitação anticlerical da I República que ocorreu este episódio de profanação da matriz do Santíssimo Salvador do Mundo. No dia 14 de Maio de 1915, neste local, foram destruídas alfaias litúrgicas, órgãos e imagens de diversos santos, assim como a Imagem do Senhor dos Passos.

Conta a história que vários profanadores se divertiam com a cabeça do Senhor dos Passos até que “Narcisa Peixeira” terá conseguido tirar a cabeça e a levou até António Pereira Bernardino, que residia na Quinta da Granja, para ser guardada.
Após este ato, a pacata vila do Bombarral ficou sem pároco, sendo que pontualmente eram celebrados alguns atos litúrgicos pelo prior do Carvalhal na capela da Madre de Deus, que era propriedade de Abel Pereira da Fonseca.
Foi somente a 5 de Julho de 1953 que a “Cabeça” foi incorporada numa nova imagem do Senhor dos Passos e transportada pelos filhos de António Pereira Bernardino até à nova Igreja do Santíssimo Salvador do Mundo.

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Inaugurada pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, no dia 1 de Agosto de 1887, a Estação do Bombarral insere-se no troço entre Torres Vedras e Leiria da linha do Oeste.

Durante a Implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, esta estação foi protagonista de um episódio invulgar. Conta a história que no dia 3 de Outubro, a linha de comboio foi cortada pelos republicanos bombarralenses para impedir a passagem de reforços militares que poderiam colocar em causa o sucesso da Implantação da República.

Claro está que toda a vila festejou em euforia o sucesso do golpe!

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É na aldeia histórica do Carvalhal que decorre o evento religioso das “Iluminárias de São José” organizadas pela Irmandade do Santíssimo Sacramento e com o apoio da Junta de Freguesia do Carvalhal e da Filarmónica Carvalhense.

Esta tradição oral remonta à última década do século XIX quando o pároco local deu a sugestão à população local de iluminarem a aldeia no dia 19 de Março, com cascas de caracol, à semelhança do que ele vira numa outra localidade.

Apesar de interrompido durante alguns anos, este evento foi retomado no ano de 1969 através do Padre José Miguel Ferreira de Moura que persuadiu os José’s que residiam no Carvalhal, na altura, para recuperar esta tradição de São José – tradição essa que se mantém até aos dias de hoje.

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Decorria o dia 1 de Dezembro de 1946 quando o episódio das “Pombas de Nossa Senhora de Fátima” viria a marcar o Bombarral.

Nesse ano, Portugal celebrava o 3º centenário da Consagração de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Para esta celebração, foi organizado um encontro em Lisboa que visava juntar a Imagem que viria de Vila Viçosa e a de Nossa Senhora de Fátima que saía apenas pela 2ª vez do seu lugar de origem.

Ao passar pelo Bombarral, D. Maria Emília Coimbra e sua filha Teresa lançaram pombas brancas ao ar para a comemoração. No entanto, no momento da passagem da Imagem, algumas pombas, ao invés de prosseguirem o seu caminho, aninharam-se aos pés da Imagem de Nossa Senhora.